domingo, 23 de janeiro de 2011

Natália do Valle – Caipirinha e Beijo na Boca

Essa é a combinação perfeita para a atriz exorcizar os dramas e angústias da Wanda


Ninguém chora como Natália do Valle. Esse é um consenso entre a equipe da Minha Novela e tenho certeza de que o grande público concorda com a gente. A forma como a atriz se entrega à emoção de suas personagens é apaixonante e suas cenas arrebatadoras como a Wanda, de Insensato Coração, só comprovam isso. A trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares mal começou e já exige da carioca de 57 anos um desgaste emocional incrível. “Nunca interpretei uma personagem assim: tão humilhada, tão humilhante, tão...degradante... Tento achar justificativas para defendê-la, mas não tenho conseguido”, diz Natália, referindo-se ao fato de Wanda ser flagrada pelo marido, Raul, na cama com o cunhado, Umberto. Mas a personagem terá ainda muitos outros motivos para chorar: o acidente do filho, Pedro, o qual mata a nora, Luciana, o fim de seu casamento, a falência da família... E olha que tudo isso acontece apenas nos primeiros capítulos da novela!

Você é dona de uma galeria de personagem bem complexas, agora a Wanda bate todos os recordes, não?

Nunca fiz nada assim. Wanda tem características difíceis de explicar. Ela é frágil, fraca, um pouco fútil, tem uma índole estranha... A forma como ela trai o marido com o cunhado é injustificável. O pior é que ela é apaixonada pelo marido. Eles têm um casamento bom, uma vida boa... Os dois têm problemas normais de qualquer casal, mas a família é o esteio da vida dela. Só que Wanda é de uma franqueza impressionante demais.

Mas ela é fraca ou mau-caráter?

Wanda tem uma personalidade conturbada. É uma mulher tão fraca, tão humilhada, tão humilhante, tão degradada... Nunca tinha feito nada assim. Ela é flagrada pelo marido na cama com o cunhado e não posso imaginar nada mais degradante. Não tenho palavras para defendê-la. Não sei o que vem por aí...Pode ser que ela tenha uma justificativa para ser assim, mas, até agora, eu, como mulher, não consigo entendê-la. Só penso: “Nossa, que mulher é essa (risos)?!” E no que me espera pela frente (risos)!

Ela só faz besteira, então...

Olha, ela é humilhada pelo cunhado, pelo marido, por todo mundo. Não sei como vai resistir. Sei que tentará se matar... Vai para o fundo do poço mesmo e sai do país. Não sei por quanto tempo deixará a novela, se será uma passagem de tempo curta... Mas Wanda vai voltar outra! Só não sei dizer omo será.

Deu para matar a saudades do José Wilker? Vocês fizeram pares românticos inesquecíveis em Final Feliz (1982) e Transas & Caratas (1984).

Deu um pouquinho, sim. Mas foi tão pouco! O personagem dele é o pior caráter do mundo. E Wilker fez lindamente! Umberto é a lama. Acho até que é a raiz das maldades de Léo.

Aliás, Wanda superprotege o Léo, que é um vilão, e relega um pouco o Pedro, que é do bem...

Ela faz isso porque pensa que Léo é desprotegido, menos favorecido, que teve menos oportunidades na vida, menos sorte, menos preparo... Quero acreditar que é normal uma mãe proteger sempre o filho que ela julga ser o menos favorecido. Mas ela nem imagina que o Léo não presta.

Mas essa ficha vai cair uma hora né?

Em se tratando de um folhetim, sim. Em algum momento, Wanda vai descobrir que o filho não vale nada. E vai ser mais sofrimento... (risos)

Como você faz para se livrar dessa carga tão negativa?

Ih, querido, não carrego nada para casa. Deixo tudo no estúdio. Vou para casa linda, leve e solta. No final de semana, então, peço uma caipirinha, dou beijo na boca e fui (risos)!

E está beijando muito na boca?

Humm, muito! Nem te conto. Literalmente (risos))!

Tem atriz que diz que, quando faz novela, não sobra nem tempo para beijar na boca...

Ah, para! Quando você quer mesmo, arruma tempo para fazer tudo.

Por falar em tempo, ele foi muito generoso com você.

Não é verdade. Vocês falam isso para todos (risos).

Não, mesmo. Você está muito bem: lindíssima! Tem algum segredo para manter a forma?

Malho um pouco, mas minha preocupação é com saúde, e não vaidade. Não sou vaidosa. Considerando tudo o que vejo, estou até na média (risos). Agora, gosto de uns creminhos e de gastar dinheirinho numa farmácia. Uso cremes hidratantes no rosto e no corpo, mas isso é bem coisa de mulher carioca, que está sempre em contato com sol. Gosto de praia, então, uso produtos bem básicos. Nada demais!

Mas envelhecer não a aflige?

Ah, tenho minhas angústias, sim. Tudo o que é desconhecido me angustia um pouco. Não vou falar que lido bem com a velhice e com a morte, não. Não sou uma supermulher, tenho minhas dificuldades, minhas inseguranças, aliás, sou uma pessoa movida pela insegurança, até no trabalho. Sou muito crítica, tensa... A insegurança faz parte do trabalho do ator, isso é instigante, faz a gente melhorar e ficar atenta!

A gente sempre comenta na redação que ninguém chora como você. Isso é técnica ou emoção mesmo?

Já ouvi isso, sabia? Tem uma coisa da técnica, sim, mas tem muito de concentração. Quando você entra na personagem e se entranha naquela emoção, o choro brota, vem de um sentimento que você realmente está vivenciando. É de verdade!

Revista Minha Novela

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